quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Doença Celíaca e exames de acompanhamento




Dr. Fernando Valério - Médico



DOENÇA CELÍACA E ACOMPANHAMENTO MÉDICO!

Muito sobre a doença celíaca (DC) se concentra no seu DIAGNÓSTICO, o que é muito justo, visto que somente 15% dos pacientes celíacos estão diagnosticados, e é preciso que se encontre uma causa para os sintomas que tantos prejuízos trazem a estas pessoas.

Mas é preciso também estar atento aos celíacos já diagnosticados. 

TODA DOENÇA CRÔNICA REQUER ACOMPANHAMENTO CLÍNICO!

Atualmente, o único tratamento eficaz para a DC é evitar completamente o GLÚTEN na dieta. A dieta sem glúten leva à melhora significativa dos sintomas, normalização dos anticorpos produzidos pela doença e melhora da qualidade de vida. 

A dieta isenta de glúten e sem contaminação é de difícil seguimento, com custo mais alto e socialmente restritiva, o que pode trazer baixa satisfação aos celíacos com o tratamento necessário. Isto faz com que alguns pacientes se arrisquem em alguns momentos, como em reuniões de família e amigos, em restaurantes não especializados em alimentos sem glúten ou em viagens. Este gerenciamento inadequado da dieta, seja intencional ou não, traz riscos e deve ser acompanhado. 

A relação entre a quantidade de glúten ingerida e o desenvolvimento de sintomas e alterações intestinais não estão claramente definidos, e a quantidade exata de glúten que as pessoas com DC  podem tolerar diariamente sem sofrer efeitos deletérios também não foi totalmente estabelecido. Em outros termos, é necessário entender o quão RIGOROSA a dieta sem glúten precisa estar!

Como a DC é uma condição inflamatória que afeta vários sistemas e órgãos, o respeito à dieta e acompanhamento médico regular reduzem os riscos de complicações nutricionais, doenças autoimunes associadas e de tumores malignos, condições estas que podem implicar no AUMENTO DE MORTALIDADE em celíacos. 

Um estudo italiano mostrou mortalidade notavelmente mais alta (5 vezes maior que o esperado) em celíacos que não aderiram ou aderiram apenas parcialmente à dieta. E outros estudos também mostram outras complicações a longo prazo, como danos ósseos, alterações neurológicas, doenças autoimunes e tumores, por exemplo.

Erros na tentativa de manter uma dieta sem glúten também trazem riscos, como carências nutricionais e alterações metabólicas (obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, aumento de colesterol).

Por isso é importante que pacientes celíacos, tanto crianças/adolescentes como adultos, estejam em acompanhamento clínico, com intervalos definidos de acordo com o tempo de diagnóstico, sintomas e evolução clínica. Médicos, nutricionistas e psicólogos fazem parte da equipe de acompanhamento.

E reforço, mesmo celíacos experientes precisam ser avaliados!

Como forma de exemplificar um dos protocolos de acompanhamento, compartilho com vocês o sugerido pela European Society for the Study of Coelicac Disease (2019).






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Lista de exames organizada pelos membros do Grupo Viva sem Glúten (Facebook), com base em sua própria experiência de acompanhamento com seus médicos e nutricionistas.

Exames periódicos para acompanhamento em DOENÇA CELÍACA:
  • Dosagem do anticorpo Antitrasnglutaminase IgA - anual (serve para verificar se a dieta está sem bem feita ou se há anticorpos contra o glúten). 
Se vc não fez a dosagem de imunoglobulina  A - IgA (dosagem de IgA) - saiba que é necessário fazer. Esse exame é feito apenas uma vez para saber se a deficiência de IgA está presente. Se o resultado constatar essa deficiência será preciso sempre fazer a dosagem de antitransglutaminase IgG.
  • Endoscopia digestiva alta com biopsia de duodeno: 1 vez por ano, até que haja normalização da mucosa intestinal (após o início da dieta sem glúten) e depois quando necessário.
  • Colonoscopia - a cada 5 anos (caso haja casos de câncer de intestino na familia, esse exame deverá ser feito a cada 2 ou 3 anos ou de acordo com a orientação do seu gastroenterologista).
  • Densitometria óssea de corpo inteiro para adultos: deve ser feita na época do diagnóstico de Doença Celíaca e repetida 1 vez por ano, por 2 anos se houver osteopenia / osteoporose. Se estiver normal, seguir fazendo a cada 2 anos. Se alterado, repetir a cada 6 meses ou 1 ano, a depender da gravidade.  * Deverá ser feito também em crianças.

Exames Semestrais:
  • Hemograma completo
  • Glicose em jejum
  • Insulina de Jejum (fazer o cálculo de HOMA-IR e HOMA-Beta)
  • Hemoglobina Glicada
  • Ferro sérico
  • Ferritina
  • Transferrina
  • Vitamina D (níveis ótimos nas doença autoimunes ficam acima de 60)
  • Vitamina A
  • Zinco sérico
  • Vitamina K
  • Enzimas do Fígado: TGO, TGP, Fosfatase alcalina e Gama GT
  • Vitamina B12
  • Homocisteína
  • Ácido fólico
  • Calcio sérico
  • Magnésio
  • Cortisol
  • TSH, T3 e T4 Livre
  • PTH (paratormônio)
  • Proteína C Reativa Ultrassensível (PCR-US)
  • Lipidograma
  • Enzimas do Fígado: TGO, TGP, Fosfatase alcalina e Gama GT
  • Ureia
  • Creatinina
  • Ácido úrico

Exames de investigação quando o paciente celíaco continua apresentando sintomas após adoção da dieta sem glúten:

Se houver deficiência de B12 persistente ou anemia, é necessário investigar gastrite atrófica autoimune e anemia perniciosa:
  •  Anticorpo antifator intrínseco 
  •  Anticorpo anticélula parietal 

Se houver presença de hipotireoidismo ou suspeita:
  • Anticorpo antiperoxidase (anti-TPO)
  • Anticorpo antitireoglobulina (anti-TG)



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