Durante esses 15 anos em que venho mantendo o site www.riosemgluten.com / www.riosemgluten.com.br funcionando tenho recebido com frequência perguntas sobre como agir em casos de ingestão (voluntária ou acidental) de glúten ou de traços de glúten (por contaminação cruzada).
Embora não haja uma recomendação oficial específica sobre essa questão nas páginas oficiais do Ministério da Saúde ou da Sociedade Brasileira de Gastroenterologia, a comunidade celíaca tem dado orientações gerais, de acordo com a gravidade dos casos.
Quando o celíaco / sensível ao glúten apresenta sintomas gástricos intensos, ou dores incapacitantes ou mesmo reações alérgicas severas (nos casos em que há alergia ao trigo associada), a recomendação é sempre buscar imediatamente atendimento médico em Pronto Socorro ou Urgência Pediátrica.
Quando o celíaco / sensível ao glúten apresenta sintomas gástricos intensos, ou dores incapacitantes ou mesmo reações alérgicas severas (nos casos em que há alergia ao trigo associada), a recomendação é sempre buscar imediatamente atendimento médico em Pronto Socorro ou Urgência Pediátrica.
Quando os sintomas são mais leves, a recomendação tem sido repouso, hidratação, alimentação "leve", medicações para dor ou diarreia / prisão de ventre, lesões na pele, sintomas neurológicos que o paciente já faça uso costumeiramente. Algumas pessoas também fazem uso de comprimidos de carvão vegetal, como forma de eliminar mais rapidamente o glúten que ainda estiver circulando no trato digestório.
Os efeitos dessa ingestão de glúten ou de traços podem durar horas, dias, semanas e em alguns casos até mesmo meses. Embora na doença celíaca não existam graus - ou você tem ou você não tem - o nível das lesões intestinais assim como os sintomas e as manifestações extraintestinais são muito individuais. E por isso mesmo, cada paciente precisa se conhecer muito bem para identificar o que é de fato reação ao glúten e o que não é.
Esse contato com o agressor desencadeia uma cascata de reações imunes e contra elas ainda não se tem o que fazer. Dieta com características anti-inflamatórias, suplementação de omega 3, vitamina D, vitaminas e minerais, uso de fitoterápicos, meditação, acumpuntura, e muitas outras intervenções tem sido propostas por profissionais de saúde, no sentido de aliviar os sintomas e ajudar na recuperação do organismo.
Esse contato com o agressor desencadeia uma cascata de reações imunes e contra elas ainda não se tem o que fazer. Dieta com características anti-inflamatórias, suplementação de omega 3, vitamina D, vitaminas e minerais, uso de fitoterápicos, meditação, acumpuntura, e muitas outras intervenções tem sido propostas por profissionais de saúde, no sentido de aliviar os sintomas e ajudar na recuperação do organismo.
Uma outra abordagem é também o uso do JEJUM. Dar uma pausa na alimentação, mantendo a hidratação e ingestão de sal (em casos de mal estar) também tem sido uma forma de aliviar os sintomas e acelerar a recuperação desses episódios.
A prática do Jejum Intermitente já faz parte da vida de vários celíacos, seja em protocolos diários de 12h ou 16h por exemplo ( geralmente o intervalo entre o jantar e a primeira refeição do dia seguinte). Os motivos podem ser vários - ausência de fome ao acordar, enjôo matinal ao comer, melhor controle dos níveis de glicemia e insulina (nos casos de resistência à insulina, síndrome metabólica, pré-diabetes ou mesmo diabetes), emagrecimento, bem estar geral.
Eu pessoalmente desde 2017 tenho procurado manter o intervalo de alimentação entre o jantar e o café da manhã com pelo menos 12h de duração. É um jejum natural, onde não sinto fome e que me ajudou no melhor controle de minha glicemia (tenho diabetes autoimune LADA, uma patologia associada à doença celíaca, pois compartilham o HLA DQ2), junto com uma alimentação mais baixa em carboidratos. Mas ainda não tive a oportunidade de fazer o teste de usar o jejum durante um episódio de ingestão acidental de glúten (eles se tornaram raros em minha vida pelo melhor controle dos riscos). Pretendo fazê-lo caso isso ocorra.
Em uma busca rápida na internet sobre a prática do jejum e doença celíaca, não encontramos estudos científicos ou artigos médicos abordando o tema. Mas encontramos relatos de celíacos que adotaram o Jejum como hábito cotidiano e perceberam melhoras em sua saúde e qualidade de vida.
Em uma busca rápida na internet sobre a prática do jejum e doença celíaca, não encontramos estudos científicos ou artigos médicos abordando o tema. Mas encontramos relatos de celíacos que adotaram o Jejum como hábito cotidiano e perceberam melhoras em sua saúde e qualidade de vida.
Vamos publicar aqui a tradução de 3 textos com esses relatos. Quem sabe se aumentar o interesse da Comunidade Celíaca sobre o assunto, também não aumente o interesse por pesquisa científica nesse tipo de intervenção específica no processo de recuperação de celíacos após ingestão de glúten?
Para saber um pouco mais sobre jejum:
Para saber um pouco mais sobre jejum:
1 - Terapia de jejum para tratamento e prevenção de doença - estado atual das evidências.
Michalsen A., Li C .
Forsch Komplementmed. 2013; 20 (6): 444-53.
Epub 2013 16 de dezembro. https://doi.org/10.1159/000357765
Resumo
Períodos de jejum deliberado com restrição de ingestão de alimentos sólidos são praticados em todo o mundo, principalmente com base em razões tradicionais, culturais ou religiosas. Existem grandes evidências empíricas e observacionais de que o jejum modificado medicamente supervisionado (cura em jejum, 200-500 kcal ingestão nutricional por dia) com períodos de 7-21 dias é eficaz no tratamento de doenças reumáticas, síndromes de dor crônica, hipertensão e síndrome metabólica . Os efeitos benéficos do jejum seguido pela dieta vegetariana na artrite reumatóide são confirmados por ensaios clínicos randomizados. Outros efeitos benéficos do jejum são suportados por dados observacionais e evidências abundantes de pesquisas experimentais que encontraram restrição calórica e jejum intermitente sendo associados com desaceleração ou prevenção da maioria das doenças inflamatórias crônicas degenerativas e crônicas. O jejum intermitente também pode ser útil como tratamento de acompanhamento durante a quimioterapia do câncer. Outro efeito benéfico do jejum está relacionado às melhorias na modificação do estilo de vida sustentável e à adoção de uma dieta saudável, possivelmente mediada pelo aumento do humor induzido pelo jejum. Vários mecanismos identificados de jejum apontam para seus potenciais efeitos promotores de saúde, por exemplo, ativação neuroendócrina induzida pelo jejum e resposta ao estresse hormonal, aumento da produção de fatores neurotróficos, redução do estresse oxidativo mitocondrial, diminuição geral de sinais associados ao envelhecimento e promoção de autofagia. Terapia de jejum pode contribuir para a prevenção e tratamento de doenças crônicas e deve ser melhor avaliada em ensaios clínicos controlados e estudos observacionais.
2 - Jejum circadiano recorrente melhora a pressão arterial, biomarcadores de risco cardiometabólico e regula a inflamação em homens
Iftikhar Alam , Rahmat Gul , Joni Chong , Cristal Tze Ying Tan , Hui Xian Chin , Glenn Wong , Radhouene Doggui , Anis Larbi
Journal of Translational Medicine volume 17 , Número do artigo: 272 ( 2019 )
Resumo:
Em um seguimento longitudinal aberto, uma coorte de 78 homens adultos (entre 20 e 85 anos) que jejuaram por 29 dias consecutivos do nascer ao pôr do sol (16 h em jejum - referido como jejum circadiano recorrente) no Paquistão, foram estudados. Os desfechos primários do estudo de jejum foram a perda / recuperação de peso e as mudanças associadas na pressão sanguínea e nos níveis circulantes de marcadores substitutos ligados às funções do órgão e do sistema - incluindo cardiovascular, metabólica e inflamatória. Resultados pós-jejum incluem a regulação de biomarcadores fisiológicos.
3 - Jejum seguido de dieta vegetariana em pacientes com artrite reumatóide: uma revisão sistemática.
Müller H 1 , de Toledo FW , Resch KL .
Scand J Rheumatol. 2001; 30 (1): 1-10.
Resumo
A experiência clínica sugere que o jejum seguido pela dieta vegetariana pode ajudar os pacientes com artrite reumatóide (AR). Revisamos as evidências científicas disponíveis, porque os pacientes freqüentemente pedem aconselhamento dietético, e o tratamento farmacológico exclusivo da AR muitas vezes não é satisfatório. Estudos de jejum em AR foram pesquisados no MEDLINE e verificando referências em relatórios relevantes. Os resultados dos estudos controlados que relataram dados de acompanhamento por pelo menos três meses após o jejum foram agrupados quantitativamente. Trinta e um relatos de estudos de jejum em pacientes com AR foram encontrados. Apenas quatro estudos controlados investigaram os efeitos do jejum e dietas subseqüentes por pelo menos três meses. O agrupamento destes estudos mostrou um efeito benéfico a longo prazo estatisticamente e clinicamente significativo. Portanto, Evidências disponíveis sugerem que o jejum seguido de dietas vegetarianas pode ser útil no tratamento da AR. Mais estudos randomizados de longo prazo são necessários para confirmar essa visão por dados metodologicamente convincentes.
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